Uma
postagem recente do poeta e compositor Ademir Pedrosa no Facebook me instigou a
publicar este breve texto. Ademir diz o seguinte:
“Há uma carrada de textos na internet atribuída
a Luís Fernando Veríssimo que não é dele. Há um artigo horroroso (do ponto de
vista analítico) contra o Big Brother que ele já declarou que não é dele.
Aliás, esse artigo fez muitos intelectuais de araque acreditarem que o BBB é
uma bosta porque Veríssimo sentenciou. Pra quem não sabe distinguir alho de
bugalho, aí vai uma dica: ‘Há uma maneira de detectar se o texto é falso ou
não: se o Luís da assinatura for com Z, o texto não é meu. Se for contra o
Bolsonaro, é’."
Uns
pares de anos atrás circulou pela internet uma carta de despedida atribuída ao
escritor Gabriel García Márquez - segundo a carta, à beira da morte. Eu fui uma
entre os leitores que se desmancharam em lágrimas, mesmo sem ter lido a carta,
pois conhecia que o escritor estava em tratamento de um cancro linfático. Os
leitores mais atentos duvidaram que García Márquez tivesse escrito um texto tão
sentimental. E não estavam errados. A carta foi escrita por um ventríloquo
mexicano para um espetáculo chamado La Marioneta.
Quem
jogou na internet o (péssimo) texto sob a culpa de García Márquez só Deus sabe.
É o que em inglês se conhece por hoax. Um embuste, ao pé da letra. Para
encerrar a conversa em que lamentou a repercussão da carta, o escritor disse:
"Mais valia morrer com um cancro linfático do que ter escrito uma carta de
despedida daquelas". Genial!
Outro
exemplo de hoax é um texto que circula há anos pela internet como se fosse de
Maiakovski. O poema é do brasileiro Eduardo Alves da Costa, chama-se No Caminho
com Maiakovski, e este sim, é tão belo que deve ter feito Maiakovski suspirar
no túmulo...
e roubam
uma flor
do nosso
jardim.
E não
dizemos nada.
Na segunda
noite já não se escondem:
pisam as
flores,
matam nosso
cão,
e não
dizemos nada.
Até que um
dia
o mais
frágil deles
entra
sozinho em nossa casa,
rouba-nos a
luz e,
conhecendo
nosso medo,
arranca-nos
a voz da garganta.
E já não
podemos dizer nada.
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